sexta-feira, 19 de abril de 2013

Fausto e o Oriente

O Barco vai de saída

1 comentário:

  1. O barco vai de saída
    Adeus ao cais de Alfama
    Se agora ou de partida
    Levo-te comigo ó cana verde
    Lembra-te de mim ó meu amor
    Lembra-te de mim nesta aventura
    P'ra lá da loucura
    P'ra lá do Equador

    Ah mas que ingrata ventura
    Bem me posso queixar
    da Pátria a pouca fartura
    Cheia de mágoas ai quebra-mar
    Com tantos perigos ai minha vida
    Com tantos medos e sobressaltos
    Que eu já vou aos saltos
    Que eu vou de fugida

    Sem contar essa história escondida
    Por servir de criado essa senhora
    Serviu-se ela também tão sedutora
    Foi pecado
    Foi pecado
    E foi pecado sim senhor
    Que vida boa era a de Lisboa


    Gingão de roda batida
    corsário sem cruzado
    ao som do baile mandado
    em terra de pimenta e maravilha
    com sonhos de prata e fantasia
    com sonhos da cor do arco-íris
    desvaira se os vires
    desvairas magias

    Já tenho a vela enfunada
    marrano sem vergonha
    judeu sem coisa nem fronha
    vou de viagem ai que largada
    só vejo cores ai que alegria
    só vejo piratas e tesouros
    são pratas, são ouros,
    são noites, são dias

    Vou no espantoso trono das águas
    vou no tremendo assopro dos ventos
    vou por cima dos meus pensamentos
    arrepia
    arrepia
    e arrepia sim senhor
    que vida boa era a de Lisboa


    O mar das águas ardendo
    o delírio do céu
    a fúria do barlavento
    arreia a vela e vai marujo ao leme
    vira o barco e cai marujo ao mar
    vira o barco na curva da morte
    e olha a minha sorte
    e olha o meu azar

    e depois do barco virado
    grandes urros e gritos
    na salvação dos aflitos
    estala, mata, agarra, ai quem me ajuda
    reza, implora, escapa, ai que pagode
    rezam tremem heróis e eunucos
    são mouros são turcos
    são mouros acode!

    Aquilo é uma tempestade medonha
    aquilo vai p'ra lá do que é eterno
    aquilo era o retrato do inferno
    vai ao fundo
    vai ao fundo
    e vai ao fundo sim senhor
    que vida boa era a de Lisboa

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