sexta-feira, 19 de abril de 2013

Fausto e o Oriente

O Barco vai de saída

Video incorporado Filipe

O Filipe com o Stilton na Feira do Livro




Florbela Espanca, a sonhadora...

Vozes do mar

 Quando o sol vai caindo sobre as águas
 Num nervoso delíquio d’oiro intenso,
 Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?

… Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?

Tens cantos d’epopeias? Tens anseios
D’amarguras? Tu tens também receios,
 Ó mar cheio de esperança e majestade?!

 Donde vem essa voz, ó mar amigo?…
 … Talvez a voz do Portugal antigo,
 Chamando por Camões numa saudade!

 Florbela Espanca - Trocando olhares - 17/06/1916

Pequenos filmes

Na Feira do Livro no Rossio




terça-feira, 16 de abril de 2013

sábado, 13 de abril de 2013

O dia do Terramoto - Ficha de verificação e de compreensão da leitura

Esta ficha vem na sequência da leitura do livro "O dia do Terramoto", realizada durante as férias da Páscoa.


Mia Couto, o criador de palavras...


Perguntas à língua portuguesa*


   Venho brincar aqui no Português, a língua. Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. Que outros pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me acarreta.
A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente aquando o voo. Meu desejo é desalisar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem é idimensões? Assim, embarco nesse gozo de ver como escrita e o mundo mutuamente se desobedecem. Meu anjo-da-guarda, felizmente, nunca me guardou.
Uns nos acalentam: que nós estamos a sustentar maiores territórios da lusofonia. Nós estamos simplesmente ocupados a sermos. Outros nos acusam: nós estamos a desgastar a língua. Nos falta domínio, carecemos de técnica. Ora qual é a nossa elegância? Nenhuma, excepto a de irmos ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde do pé? Questões que dariam para muita conferência, papelosas comunicações. Mas nós, aqui na mais meridional esquina do Sul, estamos exercendo é a ciência de sobreviver. Nós estamos deitando molho sobre pouca farinha a ver se o milagre dos pães se repete na periferia do mundo, neste sulbúrbio.
No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias. Entretanto, vamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem deslocar seu chão. Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas.
Esta obra de reinvenção não é operação exclusiva dos escritores e linguistas. Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?
Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo. Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas? Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua:
Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?
No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite em branco?
• A diferença entre um ás no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?
• O mato desconhecido é que é o anonimato?
• O pequeno viaduto é um abreviaduto?
• Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente.
• Quem vive numa encruzilhada é um encruzilhéu?
• Se diz do brado de bicho que não dispõe de vértebras: o invertebrado?
• Tristeza do boi vem de ele não se lembrar que bicho foi na última reencarnação. Pois se ele, em anterior vida, beneficiou de chifre o que está ocorrendo não é uma reencornação?
• O elefante que nunca viu mar, sempre vivendo no rio: devia ter marfim ou riofim?
• Onde se esgotou a água se deve dizer: "aquabou"?
• Não tendo sucedido em Maio mas em Março o que ele teve foi um desmaio ou um desmarço?
• Quando a paisagem é de admirar constrói-se um admiradouro?
• Mulher desdentada pode usar fio dental?
• A cascavel a quem saiu a casca fica só uma vel?
• As reservas de dinheiro são sempre finas. Será daí que vem o nome: "finanças"?
• Um tufão pequeno: um tufinho?
• O cavalo duplamente linchado é aquele que relincha?
• Em águas doces alguém se pode salpicar?
• Adulto pratica adultério. E um menor: será que pratica minoritério?
• Um viciado no jogo de bilhar pode contrair bilharziose?
• Um gordo, tipo barril, é um barrilgudo?
• Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?
Brincadeiras, brincriações. E é coisa que não se termina. Lembro a camponesa da Zambézia. Eu falo português corta-mato, dizia. Sim, isso que ela fazia é, afinal, trabalho de todos nós. Colocámos essoutro português – o nosso português – na travessia dos matos, fizemos com que ele se descalçasse pelos atalhos da savana.
Nesse caminho lhe fomos somando colorações. Devolvemos cores que dela haviam sido desbotadas – o racionalismo trabalha que nem lixívia. Urge ainda adicionar-lhe músicas e enfeites, somar-lhe o volume da superstição e a graça da dança. É urgente recuperar brilhos antigos. Devolver a estrela ao planeta dormente.

* Texto escrito especialmente para o Ciberdúvidas.

Pedro Barroso, o trovador ...


Quando a Europa existir
E o velho escudo das quinas
for apenas uma saudade
nesse dia hei-de subir
ao castelo de Penedono
e gritar uma saúde
ao tempo de nunca vir
mais ao tempo de lembrar
hei-ir ao Restelo contar
histórias de marinheiros
falar aos jovens de Alcácer
de Gonçalo Mendes da Maia
Jerumenha, Évoramonte
Aljubarrota, Atoleiros

Hei-de subir aos penhascos,
às torres de Marialva,
à menagem de S Jorge,
de Belver e Guimarães
e recordar outra vida,
outro país que já houve
de gente dada à bravura
que ao Sul criou espaços
na conquista da planura
gente com alma e com espada
e artes de marear
e hei-de ficar cansado
mas hei-de ficar saciado
nesse espaço fabuloso
recriado do passado
em sonho particular

esquecido da tal verdade
corridos trinta ou cem anos
Estados Unidos da Europa
país novo e florescente
tal me orgulha e me transcende...
- Ah! Mas nunca me arrepende
ter feito Alcácer Quibir
ou batalha do Salado
com o estandarte entre dentes!...

Nesse dia, em mirandum
cantarei ao desafio
navegarei pelo Douro
até ao fim desse rio
onde brindarei com Porto
e perdido na montanha
beberei águas de fonte
da pátria de Portugal
e serei europeu, sim
serei até, mundial
mas primeiro,
vai uma alheira
do fumeiro de Mirandela;
moreia frita de Sagres;
cozido ilhéu na panela;
e as amêijoas de S Jorge;
as bananas da Madeira;
os verdes do velho Minho;
os cavalos do Ribatejo
mais as camisas de linho;
e o cante do Alentejo;
e este mar frente a Lisboa,
onde a ralé marinheira
canta o fado cacilheiro
e atraca corpo e navio
em romances de inventar

Levem a fama, a bandeira
levem o nome e o preito
quem vai mandar no meu peito
vai ser o nome esquecido
de um velho país ao canto
desse novo Espaço Unido
onde tudo, campo e praia
ao falar-nos do passado
vai falar-nos dum Futuro
outra vez por restaurar

Portugal era seu nome.
- Crianças desse reinado
aprendam a soletrar...

Existiu na sua Língua
nos seus artistas e heróis
nos pensadores e no mar.
Já foi um país inteiro
de palavras e aventura
e se então, nesse lameiro
de Babel no linguajar,
nos obrigarem ao sonho
embalado na censura,
empacotado e vulgar,
que me sobre essa loucura
de ir para a rua gritar,
nesta língua de Camões,
pelo tempo que há-de vir
no país que não morreu
no país que há-de voltar !

Falava quem tanto sabia!




 
"O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive."

 Padre António Vieira
Miguel Torga
 
 
Mar!
Tinhas um nome que ninguém temia:
Eras um campo macio de lavrar
Ou qualquer sugestão que apetecia...

Mar!
Tinhas um choro de quem sofre tanto
Que não pode calar-se, nem gritar,
Nem aumentar nem sufocar o pranto...

Mar!
Fomos então a ti cheios de amor!
E o fingido lameiro, a soluçar,
Afogava o arado e o lavrador!

Mar!
Enganosa sereia rouca e triste!
Foste tu quem nos veio namorar,
E foste tu depois que nos traíste!

Mar!
E quando terá fim o sofrimento!
E quando deixará de nos tentar
O teu encantamento!
in "Poemas Ibéricos"

sábado, 6 de abril de 2013

Clã - Ser (Português)


É esta a ideia... vamos ouvir?

 
 
 
Se pensas que é agora a tua vez, e não vês que és
100 % português, 100% impossível de vencer
o tão dotado, infalível, o mercado estrangeiro
vem de fora - "É verdadeiro!?"
Até o velho 1, 2, 3, 4 passa a ser
one, two, three, four
E depois, não há tempo p'ra aprender
que nem sempre (sem saber) o movimento vem de fora
vem de toda a volta, fura a toda a volta
vem de barco, avião, comboio, imitação
entretanto vai andando, costumado
o povo português, vai perdendo a sua vez
Sê português, encontra a tua vez
Ser português, ser contra a tua vez
E pensas que é agora que a historia vai mudar
o artista Luso-Qualquer Coisa vai dançar
mas mesmo que não caia, vai ser sempre comparado
ainda bem não está parado é um valor acrescentado
Ainda há muito a fazer por esta causa a rever
rever independentemente como pode ser
como pode ser expressa essa nova novidade
de ser português e ter a sua vez
Sê português, encontra a tua vez
Ser português, ser contra a tua vez
Vai haver um sol nascente na Nação, vai haver, vai haver
Se pensas que é agora a tua vez, e não vês que és
100% português, 100% impossível de vencer
o cobiçado infalível, o produto importado
chega e já tem mercado
Até o velho 1, 2, 3, 4 passa a ser, quer ser
one, two, three, four
E depois, ninguém quer saber
que nem sempre o movimento vem de fora
Vai haver um sol nascente na Nação, vai haver, vai haver

Este é o primeiro dia...

Porquê "Portuguesmente"?

Consultemos do Dicionário online da Porto Editora.
É um advérbio com dois sentidos:
1.segundo o uso português
2.à maneira dos portugueses

(De português + -mente)

http://www.portoeditora.pt/espacolinguaportuguesa/dol/dicionarios-online/
    
portuguesmente [e]
advérbio
1. segundo o uso português
2. à maneira dos Portugueses
(De português+-mente)

portuguesmente In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-04-06].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/portuguesmente>.