segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Trova do Vento que passa de Manuel Alegre

Uma versão curta mas perfeita, cantada e tocada num local perfeito, por vozes e músicos geniais! Cá vai todo o poema...
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
o vento nada me diz.

La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la, [Refrão]
La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la. [Bis]

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

[Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Esteiros de Soeiro Pereira Gomes 1941

"Para os filhos dos homens que nunca foram meninos": Uma lição esquecida por muitos de nós, filhos de homens a quem não foi permitido serem meninos! A série Grandes Livros sobre os Esteiros é um trabalho excepcional! Aconselho vivamente!

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Frágil por Jorge Palma

Estar frágil com estilo...
Põe-me o braço no ombro
Eu preciso de alguém
Dou-me com toda a gente
Não me dou a ninguém
Frágil
Sinto-me frágil

Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar demais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais
Frágil
Sinto-me frágil

Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil

Está a saber-me mal
Este Whisky de malte
Adorava estar "in"
Mas estou-me a sentir "out"
Frágil
Sinto-me frágil

Acompanha-me a casa
Já não aguento mais
Deposita na cama
Os meus restos mortais
Frágil
Sinto-me frágil

Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil

domingo, 8 de setembro de 2013

Até ao Verão - Ana Moura

Na quase despedida do Verão, a saudade já bate... e ouve-se esta linda canção escrita e musicada por Márcia Santos!
Deixei
na Primavera o cheiro a cravo
rosa e quimera que me encravam na memória que inventei

e andei
como quem espera
pelo fracasso
contra mazela em corpo de aço
nas ruelas do desdém

e a mim que importa
se é bem ou mal
se me falha a cor da chama a vida toda
é-me igual

vi sem volta
queira eu ou não
que me calhe a vida
insane e vossa em boda
até ao verão

deixei na primavera o som do encanto
riça promessa e sono santo
já não sei o que é dormir bem

e andei pelas favelas
do que eu faço
ora tropeço em erros crassos
ora esqueço onde errei

e a mim que importa
se é bem ou mal
se me falha a cor da chama a vida toda
é-me igual

vi sem volta
queira eu ou não
que me calhe a vida
insane e vossa em boda
até ao verão

e a mim que importa
se é bem ou mal
se me falha a cor da chama a vida toda
é-me igual
vi sem volta
queira eu ou não
que me calhe a vida
insane e vossa em boda
até ao verão

deixei na primavera o som do encanto

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Virgem Suta - Maria Alice

Um vídeo bem conseguido, uma letra bem popular e uma música que fica no ouvido e nos lábios|
Maria Alice vive só com os seus gatos
Não tem família para lhe fazer companhia
mora no sétimo andar
no bairro do Ultramar
casa comprada com herança de uma tia

Maria Alice ficou órfã muito nova
criou a pulso dois irmãos de tenra idade
não soube o que é ser criança
nunca teve esperança
até que um dia a vida mostra-lhe a cidade

oioai a vida foi-lhe madrasta
oioai só por ser de fraca casta aiai
oioai mas rafeiro é osso duro
de roer e a Alice fez-se mulher

oioai a vida foi-lhe madrasta uiui
oioai só por ser de fraca casta aiai
oioai mas rafeiro é um seguro
de roer e a Alice fez-se mulher (bis)

Maria Alice enveredou pelas limpezas
e nem nas folgas se livrava do trabalho
por mais que ela se esforçasse
e mais dinheiro ganhasse
o fim do mês era um problema sem amanho

Maria Alice aliciada por madames
que garantiram dar-lhe vida bem melhor
largou vassouras e pás
e a vida triste pra trás
e em pouco tempo era amante de um doutor

oioai a vida foi-lhe madrasta
oioai só por ser de fraca casta aiai
oioai mas na feira é osso duro
de roer e a Alice fez-se mulher

oioai a vida foi-lhe madrasta uiui
oioai só por ser de fraca casta aiai
oioai mas rafeiro é osso duro
de roer e a Alice fez-se mulher

E um belo dia já fartinha da má vida
desejosa de parar com a folia
fintou do touro bem moço
e sem baixar o pescoço
fê-lo assumir a relação de que fugia

Nesse momento o mundo escancarou-lhe as portas
ela sedenta fez de tudo o que queria
mas o destino, a má sorte
mudaram de novo o norte
e o seu doutor partiu sem avisar um dia

oioai a vida foi-lhe madrasta uiui
oioai só por ser de fraca casta aiai
oioai mas rafeiro é osso duro de roer
e a Alice fez-se mulher

oioai a vida foi-lhe madrasta uiui
oioai só por ser de fraca casta aiai
oioai mas rafeiro é osso duro
de roer e a Alice fez-se mulher

Oioai ...Oioai....