quarta-feira, 19 de julho de 2017

125 Azul - João Gil por Carlão e Lúcia Moniz

Um novo olhar sobre os anos 80!

?rel=0

Foi sem mais nem menos
Que um dia selei a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que me deu para abalar sem destino nenhum

Foi sem graça nem pensando na desgraça
Que eu entrei pelo calor
Sem pendura que a vida já me foi dura
P'ra insistir na companhia

O tempo não me diz nada
Nem o homem da portagem na entrada da auto-estrada
A ponte ficou deserta nem sei mesmo se Lisboa
Não partiu para parte incerta
Viva o espaço que me fica pela frente e não me deixa recuar
Sem paredes, sem ter portas nem janelas
Nem muros para derrubar

Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre

Curiosamente dou por mim pensando
onde isto me vai levar
De uma forma ou outra há-de haver uma hora
para a vontade de parar
Só que à frente o bailado do calor
vai-me arrastando para o vazio
E com o ar na cara, vou sentindo
desafios que nunca ninguém sentiu

Talvez um dia me encontre
Assim talvez me encontre

Entre as dúvidas do que sou e onde quero chegar
Um ponto preto quebra-me a solidão do olhar
Será que existe em mim um passaporte para sonhar
E a fúria de viver é mesmo fúria de acabar

Foi sem mais nem menos
Que um dia selou a 125 azul
Foi sem mais nem menos
Que partiu sem destino nenhum
Foi com esperança sem ligar muita importância
àquilo que a vida quer
Foi com força acabar por se encontrar
naquilo que ninguém quer

Mas Deus leva os que ama
Só Deus tem os que mais ama