sábado, 31 de agosto de 2013

José Mário Branco canta e Sérgio Godinho compôs

Da cada vez que conheço uma Marta lembro-me desta deliciosa canção!
Chamava-se ela Marta
Ele Doutor Dom Gaspar
Ela pobre e gaiata
Ele rico e tutelar
Gaspar tinha por Marta uma paixão sem par
Mas Marta estava farta mais que farta de o aturar
- Casa comigo Marta
Que estou morto por casar
- Casar contigo, não maganão
Não te metas comigo, deixa-me da mão

Casa comigo Marta
Tenho roupa a passajar
Tenho talheres de prata
Que estão todos por lavar
Tenho um faisão no forno e não sei cozinhar
Camisas, camisolas, lenços, fatos por passar
- Casa comigo Marta
Tenho roupa a passajar
- Casar contigo, não maganão
Não te metas comigo deixa-me da mão

Casa comigo Marta
Tenho acções e rendimentos
Tenho uma cama larga
Num dos meus apartamentos
Tenho ouro na Suíça e padrinhos aos centos
Empresto e hipoteco e transacciono investimentos
- Casa comigo Marta
Tenho acções e rendimentos
- Casar contigo, não maganão
Não te metas comigo deixa-me da mão

Casa comigo Marta
Tenho rédeas p´ra mandar
Tenho gente que trata
De me fazer respeitar
Tenho meios de sobra p´ra te nomear
Rainha dos pacóvios de aquém e além mar
- Casas comigo Marta
Que eu obrigo-te a casar
- Casar contigo, não maganão
Só me levas contigo dentro de um caixão

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Solidão por Vinícius de Moraes


A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Telepatia por Lara Li

A melhor versão de sempre, um mergulhar no passado...escrita por Ana Zanatti e musicada por Nuno Rodrigues em 1981!
Telepatia
Silêncio calma
Feitiçaria
Da tua alma

Passo a passo
Sem ter medo
Abrimos, soltámos
O nosso segredo

E a sorrir
Devorámos o mundo
Num abraço
Tão profundo

Telepatia
Sem contratempo
Deixei-te um dia
Num desalento
E eu sonhava
Existia
Pra sempre pra sempre
Foi pura poesia

Sem pensar
Não vi que passavas
Pelo meu corpo
Não ficavas

Telepatia
(falado)
Minha querida eu soube sempre
Eu já sabia que te ia conhecer
Minha querida era fatal
Fiz tanta força
Para isto acontecer
És tão bonita meu amor
Eu não te queria perder
Já sei, adivinho
O que estás a pensar
Vim do outro lado do mar
Talvez um dia volte, não sei
Mas penso em ti, acredita
Adivinhei-te em segundos
Quando jurámos eternidade

E a sorrir
Devorámos o mundo
Num abraço
Tão profundo

Telepatia
Silêncio calma
Feitiçaria
Da tua alma

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Teresa Salgueiro, a diva...

Cantando uma canção tradicional da Beira Baixa, uma voz límpida
Senhora, Senhora do Almortão
Senhora do Almortão
Ó minha linda raiana
Virai costas, virai costas a Castela
virai costas a Castela
Não queiras ser castelhana.

Senhora, Senhora do Almortão
Senhora do Almortão
A vossa capela cheira
Cheira a cravos
Cheira a cravos, cheira a rosas
Cheira a cravos, cheira a rosas
Cheira a flor de laranjeira.

Senhora, Senhora do Almortão
Senhora do Almortão
Eu pró ano não prometo
Que me morreu
que me morreu um amor
Que me morreu um amor,
ando vestida de preto.

Senhora do Almortão,
Ó minha linda raiana
Virai costas a Castela
Não queiras ser castelhana.

Senhora do Almortão,
a vossa capela cheira,
cheira a cravos, cheira a rosas
cheira a flor de laranjeira.

Senhora do Almortão,
eu pró ano não prometo
que me morreu um amor,
ando vestida de preto.

Olha a laranjinha que caiu, caiu
lá debaixo de água, nunca mais se viu... (...)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Ary dos Santos por Susana Félix

Numa versão fantástica...
De linho te vesti
De nardos te enfeitei
Amor que nunca vi
Mas sei.

Sei dos teus olhos acesos na noite
- sinais de bem despertar –
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar.
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer.

Irei beber em ti
O vinho que pisei
O fel do que sofri
E dei

Dei do meu corpo um chicote de força.
Razei com meus olhos com água.
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa
Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas alarguei cidades
E construí poetas

E nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis.

Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo há-de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer
Então
Nem choros
nem medos
nem uivos
nem gritos
nem pedras
nem facas
nem fomes
nem secas
nem feras
nem ferros
nem farpas
nem farsas
nem forcas
nem cardos
nem dardos
nem guerras

Agustina Bessa-Luís novamente...

Na primeira pessoa e descrita por familiares e amigos. Um documentário onde se reconhecem pormenores, personagens, ambientes retratados nos seus livros, em especial n'A Sibila.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Agustina Bessa-Luís e a mulher...

Há uns dias voltei a ver o filme Vale Abraão e percebi que a força do filme está sobretudo na riqueza das personagens criadas pela escritora. Tive saudades de um livro magnífico, que li três vezes seguidas, e que resolvi, agora mesmo, ler novamente!