sábado, 2 de maio de 2020
Poema da Despedida de Mia Couto
Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal,
só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário